31 de Outubro de 2019

Juros bancários altos estrangulam o crescimento da economia

 Por: Miriam Leitão

A grande pergunta sobre a economia brasileira é por que a queda na Selic não chega aos juros bancários. Essa disfunção é um entrave para o crescimento. Taxas tão altas inibem o consumo das famílias e o investimento das empresas.

A Febraban, a federação dos bancos, tem uma lista de ações a serem feitas no país para que os juros caiam. Mas nenhuma explicação sobre os juros altos no Brasil termina sem que se fale da pouca competição no mercado de crédito. Recentemente, começou a haver um pouco mais de concorrência com o surgimento de startups financeiras. O BC acredita que essa pressão pode mudar o cenário de juros altos. Mas até aqui o efeito é pequeno. No geral, os juros bancários continuam muito elevados, mesmo com a Selic mais baixa da história.  

O governo, que é o grande devedor da economia, está pagando bem menos para se financiar. Em 12 meses, pagouu o equivalente a 5% do PIB em juros, relação que estava em 9% em 2016. Os bancos também estão gastando menos para captar recursos. Mas, na ponta, estão cobrando mais de consumidores e empresas. A situação estrangula o crescimento e cria uma onda de inadimplência logo depois.

Um empresário do setor financeiro conta que, em várias linhas, está aumentando a tomada de crédito. O movimento é puxado por famílias e empresas pequenas e médias. Ele diz que é um reflexo da maior confiança de empresários e consumidores no crescimento da economia. Mas a atividade precisa crescer para que isso se sustente. Sem a melhora, o aumento no crédito será uma bolha. A fonte acha que nesse momento não estão dadas as condições para o crescimento sustentável da economia real.